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ARPIRANTES

por Cecília Ferreira

O longa-metragem Aspirantes, premiado nas categorias de melhor roteiro e montagem no 7º Festival Internacional de Cinema da Fronteira, é um drama que conta a história de Júnior (Ariclenes Barroso), um jovem que sonha em ser jogador de futebol profissional, e do que ele é capaz de fazer movido pela inveja por Bento (Sérgio Malheiros), seu melhor amigo, e o mais talentoso jogador da equipe.

Junior é um jovem jogador do Bacaxa A.C., time de futebol amador da cidade de Saquarema, no Rio de Janeiro. Ele tem 18 anos, a mesma idade de Bento, seu melhor amigo e antagonista da trama. Bento é dedicado aos treinos e tem no futebol o seu projeto de vida. Junior, diferente do responsável Bento, é festeiro e avesso aos treinos. Os dois cresceram juntos no futebol e dividem quarto no alojamento do clube.

Durante o treino, Bento chama a atenção de empresários e consegue um contrato com um time profissional, a mesma altura que Júnior precisa lidar com a inesperada gravidez da namorada. Karine (Julia Bernat) é pouco mais nova. Ainda mora com a mãe.

Ela espera que Júnior consiga logo assinar um contrato para que possam casar e morar juntos. Delicadamente, Karine irá exercer pressão sobre Júnior. Porém ela não imagina o quanto esta pressão pode ser nociva. O filme acompanha a trajetória de Júnior na medida em que seu ciúme do melhor amigo de infância alcança proporções perigosas.

A trama é ambientada em um mundo futebolístico, claramente descrita nos personagens, cenas e no linguajar utilizado. Aspirantes fala de sentimentos como frustração e inveja. O clima pesado toma conta de Júnior, demonstrado em sua postura corporal e silêncios prolongados. Longos planos estáticos fazem com que a sensação de tensão perdure

e criam um suspense dando a sensação de que uma grande surpresa fosse acontecer a qualquer momento.

Rabo de Peixe

por Murilo Gonçalves

A obra rodada inicialmente como um documentário, a após transformada em filme retrata a realidade da comunidade de pesca artesanal Rabo de Peixe, e conta a historia de Pedro Moniz, um jovem pescador que sonha em ter ser próprio barco e formar uma equipe de trabalho.

O inicialmente documentário para a televisão portuguesa foi filmados entre os anos de 1999 e 2001 na comunidade de Rabo de Peixe, no arquipélago dos Açores em Portugal. Anos mais tarde a obra foi reeditada pelos diretores Joaquim Pinto e Nuno Leal ganhando uma versão em filme, lançado no ano de 2015.

Os diretores fazem parte da narrativa e demonstram seu envolvimento, já que moraram no local durante o período em que o filme era gravado. O longa-metragem mostra o cotidiano dos pescadores daquela comunidade que tem seu sustento provido pela pesca artesanal, mostrando que apesar de ser um ofício perigoso demonstra a sensação de liberdade que os trabalhadores tem no momento em que estão em alto mar fato que é fundamental para aqueles homens. O filme em partes ainda mantém características de documentário, pois, em alguns momentos são utilizados elementos de narrativa como Offs , além de imagens de câmeras subaquáticas. Outro fato importante é que os pescadores não são atores, e interpretam a si mesmos na obra. A relação de trabalho entre os pescadores é outro ponto importante de ser abordado, pois, os trabalhadores dividem igualmente os lucros da pesca, isto tudo sem nenhum tipo de contrato ou qualquer formalidade. Fato que se opõe ao avanço dos grandes navios pesqueiros que trabalham para companhias estrangeiras e exportam o pescado para todo o mundo.

Um dos personagens principais da obra é Pedro – filho de pescador, com irmãos seguindo a mesma profissão do pai, (incluindo um gêmeo), ele tenta escrever seu próprio destino saindo da asa do pai e comandando seu próprio barco. Ainda que não seja fácil, Pedro não tem medo e arrisca inclusive a compra de uma embarcação maior, o que o faz ter de voltar para a escola para terminar estudos a fim de tirar uma nova licença. A burocracia para a liberação da licença de Pedro é mostrada pelo controle rígido das autoridades em cima dos pescadores.

MONÓLOGO "BREVIDADES"

por Érica Eickoff

Brevidades é um espetáculo do diretor Márcio Marciano, protagonizado pela atriz Zezita Matos, de 74 anos, no papel de Eleusa, uma atriz que por decorrência do mal de Alzheimer se encontra impossibilitada de atuar e, desaprende o ato de atuar.

Na sétima edição do Festival Internacional de Cinema da Fronteira, onde Zezita fez parte do júri, foi apresentado para os bajeenses que compareceram ao evento. Na cidade não são corriqueiras as peças teatrais e encantou aos que assistiram. A admiração foi tanta que o monólogo foi premiado. Nesta oitava edição está confirmada novamente a presença de Zezita.

Cerca de 1,2 milhões de brasileiros sofrem com essa doença neuro-degenerativa e o monólogo alerta para as dificuldades passadas não apenas pelo portador, mas também com as pessoas em seu entorno. Como os familiares, amigos e demais são afetados.

A peça que possui 50 minutos de duração confunde até mesmo os telespectadores. As idas e vindas de memórias da atriz fazem com que ela conheça e desconheça pessoas ao longo do espetáculo.

A atração apresenta poeticamente uma nova forma de pensar na doença, como enfrentar esse mal, que talvez hoje não seja uma realidade em seu convívio, mas talvez no futuro faça.

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